Blogue de Literatura & Mitologia

3 de setembro de 2011

O PERCURSO LITERÁRIO

Representante agusto do mal do século, na literatura brasileira, ao lado de outros poetas, Álvares de Azevedo e sua produção literária estão arrolados na fase denominada Ultra-romantismo, cujo período historiográfico se inicia, por volta, do ano de 1845, e se estende até o ano de 1865, segundo a crítica literária canônica.

Uma das características mais notáveis no Romantismo foi, indubitavelmente, o individualismo exacerbado; e Álvares de Azevedo consagrou-se, exemplarmente, como um autêntico romântico individualista, pois sua poesia, marcada por um refinamento temático sui generis, constituíra-se, sobremaneira, num discurso que reverberava uma subjetividade lírica, levada ao extremo. O poeta, desse modo, rompeu, à época, com uma tradição europeizada, predominante na poesia brasileira, por um lado; e desafiou seus pares eminentes no Brasil, que, sob o pretexto do individualismo, acirraram os ideais efervescentes por uma independência cultural, ideológica e política, por outro lado.

O tema da natureza, ao contrário de outros poetas românticos, não exerceu influência na elaboração e na construção poética do romantismo alavariano, pois o poeta experienciou um descompasso febril entre a paisagem, que servira de refúgio, e que, por conseguinte, fora o escape para o exílio de tantos, que preconizavam um projeto político emergente para o Brasil, e suas inquietações byronianas, com tons excêntricos, vorazes e fatalistas, talvez movidas pelo forte apelo a um egocentrismo desmedido aliado a uma juventude em processo de maturação.

Melancólico por excelência e timbrado com o estigma do mal du siècle, o Amor, para Álvares de Azevedo, era uma das abstrações emanadas de um sofrimento e de uma sensibilidade ímpar. O poeta, em sua breve trajetória cívica, não vivera paixões ardentes ou inebriantes; todavia a possibilidade da existência de um sentimento malogrado constituiu-se, para Álvares de Azevedo, no mote avassalador para o soerguimento de um ideal que jamais seria alcançado. Assim, Amor, Morte e Poesia se confundem com a identidade do poeta, que deixara, para a posteridade, uma obra de pouca extensão, mas com significados densos. 

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