Blogue de Literatura & Mitologia

3 de setembro de 2011

EM CENA VIRTUAL: ÁLVARES DE AZEVEDO


A CELEBRAÇÃO

Em 12 de setembro de 2011 serão comemorados os 180 anos de nascimento do expoente máximo do Ultra-romantismo nas letras nacionais: Álvares de Azevedo.

A TRAJETÓRIA CÍVICA

Manuel Antônio Álvares de Azevedo nasceu em 12 de setembro de 1831, em São Paulo, e morreu em 25 de abril de 1852, no Rio de Janeiro. O poeta romântico estudou Humanidades no Colégio Pedro II e integrou o corpo discente do curso de direito na Faculdade de Direito, em São Paulo.

Álvares de Azevedo, ao longo do curso de direito, destacou-se entre os demais por sua disciplina e competência. A grande parte de sua obra literária fora produzida no decurso da vida acadêmica. Entretanto, o desenlace prematuro do poeta, provocado pela tuberculose e agravado por um tumor, após uma queda de cavalo, retirou da cena literária nacional um jovem e promissor artista no frescor dos 20 anos de idade, que teve sua mocidade interrompida.

O poeta foi um exímio tradutor, e, por isso, traduzira a Parisina, de Lord Byron, o escritor inglês, que se tornou o ícone maior de uma geração considerada maldita - o mal du siècle - na qual a Morte se consolidara como ideal máximo da geração ultra-romântica, e que influenciaria, de forma contundente, a poesia de Álvares de Azevedo. 

O PERCURSO LITERÁRIO

Representante agusto do mal do século, na literatura brasileira, ao lado de outros poetas, Álvares de Azevedo e sua produção literária estão arrolados na fase denominada Ultra-romantismo, cujo período historiográfico se inicia, por volta, do ano de 1845, e se estende até o ano de 1865, segundo a crítica literária canônica.

Uma das características mais notáveis no Romantismo foi, indubitavelmente, o individualismo exacerbado; e Álvares de Azevedo consagrou-se, exemplarmente, como um autêntico romântico individualista, pois sua poesia, marcada por um refinamento temático sui generis, constituíra-se, sobremaneira, num discurso que reverberava uma subjetividade lírica, levada ao extremo. O poeta, desse modo, rompeu, à época, com uma tradição europeizada, predominante na poesia brasileira, por um lado; e desafiou seus pares eminentes no Brasil, que, sob o pretexto do individualismo, acirraram os ideais efervescentes por uma independência cultural, ideológica e política, por outro lado.

O tema da natureza, ao contrário de outros poetas românticos, não exerceu influência na elaboração e na construção poética do romantismo alavariano, pois o poeta experienciou um descompasso febril entre a paisagem, que servira de refúgio, e que, por conseguinte, fora o escape para o exílio de tantos, que preconizavam um projeto político emergente para o Brasil, e suas inquietações byronianas, com tons excêntricos, vorazes e fatalistas, talvez movidas pelo forte apelo a um egocentrismo desmedido aliado a uma juventude em processo de maturação.

Melancólico por excelência e timbrado com o estigma do mal du siècle, o Amor, para Álvares de Azevedo, era uma das abstrações emanadas de um sofrimento e de uma sensibilidade ímpar. O poeta, em sua breve trajetória cívica, não vivera paixões ardentes ou inebriantes; todavia a possibilidade da existência de um sentimento malogrado constituiu-se, para Álvares de Azevedo, no mote avassalador para o soerguimento de um ideal que jamais seria alcançado. Assim, Amor, Morte e Poesia se confundem com a identidade do poeta, que deixara, para a posteridade, uma obra de pouca extensão, mas com significados densos. 

A PRODUÇÃO POÉTICA:

Lira dos 20 anos - poesias.

Macário - peça teatral.

Noite na Taverna - contos.

O Conde Lopo - poema épico.

- Cumpre informar que as obras de Álvares de Azevedo foram publicadas post mortem


PLUS ÁLVARES DE AZEVEDO

Se Eu Morresse Amanhã

Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã:
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã! 

Quanta glória pressinto em meu futuro!
Que aurora de porvir e que manhã!
Eu perdera chorando essas coroas
Se eu morresse amanhã!

Que sol! que céu azul! que doce n'alva
Acorda a natureza mais louçã!
Não me batera tanto amor no peito
Se eu morresse amanhã!

Mas essa dor da vida que devora
A ânsia de glória, o dolorido afã... 
A dor no peito emudecera ao menos
Se eu morresse amanhã! 

PLUS PLUS

O poema em tela foi escrito pelo poeta à beira de sua morte; e, paradoxalmente, lido em seu enterro pelo então amigo,o escritor Joaquim Manuel de Macedo.

PLUS PLUS PLUS

  • Álvares de Azevedo é o patrono da cadeira número 2 da Academia Brasileira de Letras.

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  • Estátua do poeta Álvares de Azevedo no Largo São Franciso, que abriga a Faculdade de Direito, onde o ilustre poeta estudou em sua breve passagem pela vida.

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1 de setembro de 2011

PALAVRAS DO BLOGUISTA


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João Carlos de Souza Ribeiro - Pós Doutor em Poética.